O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Pica Miolos #1

Guerra na Tchetchénia,

terrorismo de Estado na Rússia

A última guerra na Tchetchénia dura há oito anos, desde que Vladimir Putin tomou o poder na Federação Russa. Os Tchetchenos eram então um milhão. No entretanto, morreram cerca de 300 mil. O número de refugiados ascende a meio milhão. Oficialmente "deslocados", porque o conflito não é classificado como uma guerra, mas como uma operação contra o terrorismo. Mas quem é o terrorista? "A guerra na Tchetchénia e suas implicações nas recentes formas de vigilância e controle da sociedade russa tem dinamizado os segmentos económicos da Indústria de violência." A afirmação é do livro "Terrorismo de Estado na Rússia: a guerra na Tchetchênia nos descaminhos da indústria da violência", cujos autores estiveram na CasaViva, em Fevereiro passado.

O que se conversou em CMI Galiza

Entretanto, foi criado o sítio chechenialivre.blogspot.com

Algo fede no reino da Dinamarca

O centro da juventude de Copenhaga, ocupado e cedido pelo governo dinamarquês aos ocupantes em 1982 (Ungdomshuset), importante centro de acção cultural e alternativa, por onde passaram nomes como o de Björk, foi recentemente vendido a uma seita religiosa, dando início a uma luta por amor à casa e ao que esta significa. Não se chegou a isto subitamente ou por azar. O país atravessa, tal como o resto da Europa, uma fase em que desenvolve formas terríveis de pressão psicológica, tendo chegado a impor limites físicos aos protestos de imigrantes, no seguimento do caso das caricaturas de Maomé. Para os dinamarqueses, pensar de uma forma diferente é, hoje, motivo de desconfiança.

Notícia completa em sardera.blogspot.com



Todo o poder às polícias

Os ministros europeus do Interior concordaram informalmente partilhar dados pessoais, tais como o ADN, como parte do que chamam luta contra o terrorismo. Por outro lado, o Conselho da União Europeia (que representa 27 governos) está a lançar a ideia de que as questões relacionadas com a ordem pública durante os eventos da UE e o terrorismo deveriam estar "combinadas", uma vez que a abrangência do "manual de acções" é tão grande "que se aplica à segurança de todos os grandes eventos internacionais". A Europa que se está a criar é a de Todo o poder às polícias. E nós somos todos suspeitos de terrorismo.

Texto completo em CMI Brasil

Crueldade em quintas de peles em Portugal

"Quem usa pêlo de coelho e julga que isso é bonito tem que saber que coelhos aterrorizados foram mantidos em jaulas miseráveis e mortos com apenas seis semanas de idade – ou com entre três a cinco meses, no caso de terem sido criados apenas pelo seu pêlo –, tendo sido tratados de forma violenta e inseminados artificialmente de forma invasiva e cruel, e, muitas das vezes, degolados enquanto estão ainda conscientes, para que o seu pêlo fosse convertido numa estola ou num adereço, possivelmente num enfeite de um relógio, sapato, mala ou brinco, ou para ser parte de um colete ou casaco." O alerta é de Miguel Moutinho, presidente da ANIMAL, organização não-governamental de defesa dos direitos dos animais que obteve imagens de imensa crueldade no tratamento de coelhos em quintas portuguesas.

Notícia em CMI Galiza

Armas Ecológicas

A BAE, um dos maiores construtores de armamento, diz que tem investido na criação de produtos que reduzam os danos colaterais da guerra. "Tudo desde tentar fazer um jacto mais eficiente em termos de gasto de combustíveis e olhar para os materiais de que as munições são feitas e qual o seu impacto no ambiente", explicou Deborah Allen, directora de Responsabilidade Empresarial da BAE, à BBC.

A notícia está em BBC News

O nosso comentário em sardera.blogspot.com

Manipulando o Clima

Enquanto as consequências da mudança climática global são cada vez mais visíveis e atingem com mais força os mais pobres, os principais responsáveis, empresas e governos, longe de se virarem para a erradicação das causas – o que afectaria os seus lucros e os seus votos – propõem arranjos tecnológicos.

Um texto de Silvia Ribeiro, investigadora do Grupo ETC, disponível em Informação Alternativa

25 mil anos de imigração

Ser migrante faz parte da condição humana, diz-nos a intuição. Para tirar dúvidas, a revista científica "Science" noticiou, com base em recente pesquisa, que os primeiros imigrantes (inevitavelmente emigrantes) da história da humanidade viveram há mais de 25 mil anos. Breno da Mata, editor/director do "ComunidadeNews" (jornal da comunidade brasileira nos EUA), pegou no assunto e escreveu um incisivo editorial. Bem a propósito, numa época em que se venera a globalização mas se exacerbam nacionalismos e se fomenta a xenofobia. Tempos em que os governos dos países mais ricos não querem entender que não continuarão a ser ricos sem a ajuda dos mais pobres. Iniciamos o regresso às cavernas. Quem serão então os ilegais?

Disponível em comunidadenews.com



Bruxelas não quer perder amigos nos média

O presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ); Adan White, acusou a CE de não querer "perder amigos nos média", lembrando que "a Comissão esteve completamente silenciosa durante a situação dos média italianos nos anos Berlusconi".
Isto porque a CE tornou público, em 16 de Janeiro passado, um "papel de trabalho" sobre "pluralismo nos média dos Estados-membros da UE", que revela uma forte relutância em se comprometer nessa área, limitando-se a anunciar que Bruxelas irá encomendar um novo estudo independente que defina "indicadores concretos e objectivos para garantir o pluralismo dos média nos Estados-membros".
A tomada de posição da CE foi provocada por pressão do Parlamento Europeu (PE) e de algumas ONGs, face à ameaça crescente dos conglomerados mediáticos – por vezes ligados a forças políticas – ao pluralismo dos média europeus.
Em resposta, Bruxelas emite um papel a dizer que vai encomendar um estudo que deverá fornecer indicadores. Futuramente, irá ponderar avaliar a possibilidade de os aplicar. De forma a que nunca tenha que os levar à prática.

De quantos pobres é feito um rico?

O grupo dos 7 países mais industrializados do mundo (G7) "ignoraram [em recente reunião em Essen, Alemanha] as suas promessas para ajudar o continente africano formuladas em 2005", afirma a Oxfam, uma ONG que, desde há muito, trabalha no terreno para uma melhoria das condições de vida das populações do chamado terceiro mundo.
A notícia emitida pela AFP refere que em 2005 a cimeira do G8 (G7 + Rússia) tinha concluído pelo perdão da dívida pública multilateral dos 35 países mais pobres do planeta. Foi ainda aí que se prometeu acrescentar, até 2010, 50 mil milhões de dólares de ajuda suplementar a essas nações.
"É inaceitável que o G7 venha falar de boa governação e da responsabilidade de África, voltando atrás com as suas promessas. Para muitos países como a Tanzânia e Moçambique, que melhoraram a sua capacidade de manter os seus compromissos económicos e aumentaram à sua custa os orçamentos destinados à luta contra a pobreza, um aumento da ajuda é absolutamente indispensável para salvar vidas e enviar mais crianças à escola", argumenta a Oxfam. "Eles cumpriram a sua parte do contrato, é tempo de o G7 cumprir a sua."


As derrotas de Rio

A Câmara do Porto acabou com a cláusula dos protocolos de atribuição de apoios municipais que condicionava esses apoios à obrigatoriedade de a entidade receptora não dizer mal do executivo da cidade. O gabinete de comunicação da autarquia confirma a extinção daquela cláusula.
Como o presidente Rui Rio pôs fim ao pagamento de subsídios pecuniários num despacho, datado de 3 de Novembro de 2006, esta derrota do presidente da CMP não tem grande sabor para os seus adversários.
De facto, apesar de se confirmar que Rio se preocupa mais com a sua imagem do que com a legalidade e a moralidade de uma vida em sociedade, a questão do que se insere nas condições para o apoio pecuniário a iniciativas não municipais já não se põe. Sem subsídios, para quê a cláusula?
Depois das vitórias de Pirro, que são as dos que ganham a última jornada mas descem na mesma de divisão, as derrotas de Rio surgirão como sinónimo de acabar com o jogo antes que as suas regras nos façam perdê-lo.


A guerra mata, mas pior é não ter uma alimentação equilibrada

O príncipe Carlos de Inglaterra, em manifesta defesa da vida e da sua qualidade, aconselhou as autoridades dos Emiratos Árabes Unidos a banirem o Mc Donald's, de forma a iniciarem a luta por uma alimentação equilibrada para as crianças.
Este é o mesmo príncipe Carlos que nunca se ouviu a tentar banir as cadeias de fast food do seu próprio país e o mesmo, ainda, que nunca se opôs à invasão do Iraque, onde até tem um filho. Talvez como guarda avançado que garanta que a situação desse país nunca se estabilize, de forma a que o Mc Donald's nunca se sinta tentado a lá assentar arraiais.