Solidariedade11novembro
Vinte pessoas foram detidas, no passado dia 11 de Novembro, em quatro locais de França – Paris, Rouen, no Este, e numa pequena aldeia do centro chamada Tarnac, onde algumas moram numa quinta comunitária –, na sequência de uma operação policial com 150 polícias antiterroristas, um helicóptero, cães-polícias (e também dezenas de jornalistas). Dez ficaram detidas para interrogatórios. Nove foram acusadas, sem provas, de "associação de malfeitores" e "terrorismo" por alegadas sabotagens nas linhas do TGV. Duas ficaram em prisão preventiva, uma das quais permanece hoje detida, Abril de 2009, tendo a outra sido libertada em 16 de Janeiro, por falta de provas.
A questão de Tarnac não é um erro judicial. Não apenas, pelo menos. É uma ilustração, a mais flagrante por ser a primeira, daquilo que se tornou a lei no momento do antiterrorismo. Onde o estado de excepção deixa de ser uma profecia para se tornar efectiva e visivelmente o regime em que vivemos. E claro que o facto de serem acusados de "terrorismo" faz parte de uma estratégia estatal para os isolar e os separar do resto da sociedade. Quem deseja apoiar pessoas que querem espalhar o terror? É, também, uma maneira de alimentar ainda mais o medo estrutural relativamente ao mundo do Capital e de aparecer como o único protector. "Não tenham medo dos terroristas (ou dos imigrantes, dos jovens, dos sem tecto, dos ladrões…), estamos aqui para vos proteger", diz o Estado. Nos tempos actuais, quando a democracia já não faz sonhar muita gente, perante a ideia de que o principal objectivo da vida é trabalhar e comprar mercadorias – o que já vem a ser questionado tanto na teoria como na prática – quando a crise já não é só económica mas também ecológica, ética, social – para usar o vocabulário da sociologia – e parece cada vez mais incontrolável, o Estado tem de apertar o controlo das pessoas à sua volta.
Por toda a França e noutros países, foram criados comités de apoio a Tarnac: www.soutien11novembre.org. Objectivo: não deixar esta questão cair no esquecimento, para que sejam reavaliadas as acusações e também para que seja libertado quem ainda se encontra preso.
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