O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Antes Verde Eufémia que Amarelo Transgénico

A 17 de Agosto de 2007, cerca de 150 pessoas dirigiram-se à Herdade da Lameira, perto de Silves, para protestar activamente contra o cultivo de transgénicos, num acto simbólico que ceifou menos de um dos 51 hectares de milho transgénico da propriedade, a primeira a cultivar desse milho, no caso da variedade MON810, num Algarve oficialmente “livre de transgénicos”.

Podia-se esperar que a reacção imediata fosse a da recriminação do agricultor, criando uma pressão pública que o obrigasse a aceitar as sementes biológicas que os activistas lhe ofereciam e que chegavam para replantar a totalidade dos 51 hectares. Mas tinha-se mexido na propriedade, esse direito que, por estes dias, se sobrepõe a todos os outros. Nomeadamente, ao direito de ser agricultor vizinho e ter uma produção de milho sem contaminação de campos OGM. Ou ao direito de, sendo consumidor, esperar que se prove a inocuidade de determinado produto antes de o lançar na cadeia alimentar. Ou, finalmente, ao direito a agir em conformidade com as ameaças que nos apresentam, de forma a que, pelo menos, seja possível trazer debates importantes para fora do parlamento e de minúsculos artigos de opinião.


Porque não foi mais do que isso que o Movimento Verde Eufémia fez. Servindo-se duma acção simbólica carregada de espectacularidade, conseguiu furar o academismo da discussão a que se assistia até então e trazer a questão dos organismos geneticamente modificados para a praça pública. Ao fazê-lo, teve ainda o mérito de arrastar consigo a necessária discussão sobre a legitimidade da desobediência cívica como forma de participação.


Neste momento, três pessoas foram constituídas arguidas e o proprietário já abriu as hostilidades e faz uma enorme pressão para que a pena seja exemplar. Deixar estas pessoas sem apoio é abrir a porta tanto aos transgénicos como à possibilidade de mais ninguém ter a coragem para fazer algo semelhante ao que o Movimento Verde Eufémia fez. Toda a solidariedade é importante. Seja, unicamente, na divulgação da perseguição aos movimentos contestatários, seja no apoio financeiro aos arguidos para suportarem as despesas judiciárias do processo em que foram envolvidos.


A CasaViva, para além de estar a organizar concertos benefit para o início do próximo ano, tem tratado de obter alguns fundos com t-shirts e pins alusivos, que, se quiseres ser solidário, podes encontrar aqui pela cozinha.











Mais info: solimove.liveinfo.nl | eufemia.ecobytes.net

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