O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Pica Miolos

Se não conseguires sintonizar a RaDIYo CasaViva, não mudes de rádio, muda de computador. Pois é, sem que seja preciso aparelho de rádio algum, a Rádio CasaViva está no ar aos sábados, a partir das 17h00, desde 31 de Outubro. Um mês depois ressurgiu o Indymedia Portugal.


30 de Novembro não foi escolhido ao acaso: completavam-se 10 anos sobre a reunião da Organização Mundial do Comércio, em Seattle, que trouxe à rua a insatisfação global da população e que deu origem à criação da Rede Indymedia. Uma ferramenta para que “a voz não nos esmoreça”, para “agitar”, “empurrar” e “animar a malta”, parafraseando o Zeca, especialmente evocado nesse dia, na CasaViva, com O Canto de Intervenção, uma iniciativa da Associação José Afonso, promovida no âmbito das comemorações dos 80 anos de nascimento do músico.


Informar a malta sobre o massacre de indígenas do Peru a mando do governo, em prol de um tratado de comércio livre que só favorece as multinacionais, foi o que tentou algum pessoal em Lisboa e no Porto, em Julho, numa tarde que, a norte, havia de terminar de modo insólito, com a “cola de saco”.


“De saco” incorrem 11 pessoas que em 25 Abril de 2007 participaram numa manif anti-autoritária, em Lisboa, então agredidas e detidas por agentes policiais, sem que tenha soado qualquer ordem prévia de dispersão. Às voltas com a justiça está também o Centro de Cultura Libertária, que corre risco de despejo. E também quem viu, no final do Verão, a sua casa vasculhada pela PJ e pertences seus apreendidos, incluindo o computador pessoal, por suspeita de ter colocado um post na Rede Libertária. Sem esquecer três outros arguidos por, alegadamente, terem destruído um hectare de milho transgénico, no Algarve.


Por estas e por outras, Hacklaviva é um grito e o nosso voto não foi para as urnas neste ano repleto de eleições, em que a insustentável corrente do Rio reforçou a maioria. Lutemos contra o anjo do abismo, organizemos a nossa raiva! Preferencialmente de bicla. O espectáculo já começou. É deste lado do activismo que a CasaViva vive e resiste.

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