O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

domingo, 9 de dezembro de 2007

La Féria dispensado de pagamentos

O executivo da Câmara Municipal do Porto(CMP) decidiu que as produções de La Féria no Rivoli, para além do contratualizado facto de a autarquia assumir as despesas de manutenção, limpeza e segurança do Teatro, serão poupadas a contas que, também por contrato, deveriam ficar a cargo da Todos ao Palco, a empresa que dá cobertura legal à presença de La Féria no teatro da praça D. João.

Assim, há anúncios gratuitos na revista municipal Porto Sempre e no site da CMP. Apesar de se tratar de uma empresa privada, a Todos ao Palco também não paga as taxas de publicidade relativas aos dois cartazes de grandes dimensões afixados nas fachadas do Rivoli, nem as taxas de ocupação da via pública relativas à instalação de uma cruz na praça D. João I, alusiva ao espectáculo Jesus Cristo Superstar. A Todos ao Palco também
não gasta um tostão pela afixação de cartazes nos
mupis publicitários que a CMP tem espalhados por toda a cidade.

A explicação da CMP, para suportar estas despesas em nome de La Féria, que já obteve uma receita bruta que ronda o milhão de euros, é que a Todos ao Palco é tratada “como se fosse o próprio Rivoli”, de acordo com as palavras que o Público de 12 de Outubro coloca na boca de Florbela Guedes, responsável pelo gabinete de comunicação do executivo camarário.

Ninguém sabe, porque ninguém o diz, se há algum protocolo que vincule a autarquia a estas isenções, que mais não passam, assim, de um subsídio explícito à empresa de La Féria. Isto na terra da luta contra o terrorismo-disfarçado-de-subsídiodependência. Tudo o que se sabe é que há um contrato celebrado entre a CMP e a Todos ao Palco a 15 de Março, rectificado por um aditamento de 2 de Maio, sendo que nos dois documentos apenas é instituído que a câmara cede “os espaços, directa ou indirectamente, necessários à produção e realização dos espectáculos”, comprometendo-se a empresa a “suportar as despesas por si incorridas em publicidade e divulgação”.

Quando a CDU pretendeu discernir da legalidade deste procedimento, a maioria CDS-PSD chumbou a respectiva proposta, que o querido líder considerou “ridícula”. Nada de novo.

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