O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Acção sindical: que representatividade?

Que representatividade têm hoje os sindicatos? é a questão que inquieta José Nuno de Ma­tos e que o conduziu num estu­do de caso sobre o Sindicato de Professores da Grande Lisboa: Acção Sindical e Representa­tividade, publicado em 2007, pela Autonomia 27.

Num mundo de trabalho em crise com o modelo salarial, em que os empregos já não são para toda a vida e em que a precariedade aumenta à me­dida que decrescem os assala­riados efectivos, que represen­tatividade têm os sindicatos? Quando o Estado é o primeiro interessado no bom funciona­mento dos sindicatos e estes cada vez mais se assemelham a par­tidos políticos ou a empresas, caçando associados a troco de descontos em determinados pro­dutos ou serviços, que representati­vidade têm, hoje, os sindicatos?

Sobre isto se con­versou em 24 de Novembro último, quando José Nuno Matos esteve na CasaViva a apre­sentar Acção Sindi­cal e Representativi­dade. Não houve respostas mas o debate foi caloroso.

Algures entre as 178 páginas do livro, Zé Nuno salienta que o trabalho, ainda que conti­nue a ser um elemento cen­tral da vida das pessoas, não pode ser mais definido como a «questão» das sociedades, e considera que o militantismo deixou de ser um monopólio operário e sindical, adquirin­do um cariz multidimensional. No futuro dos sindicatos, só vê duas opções: “ou manter um mo­delo virtualmente representati­vo ou, pelo contrário, perfilhar novas formas de acção e repre­sentação, definindo-se como um novo movimento social”.
“José Nuno Matos lança um novo olhar sobre uma das es­truturas sindicais que provavel­mente mais irritação suscita na generalidade dos comentado­res. Mas faz mais do que isto. Na verdade este livro mete-se três vezes em ca­minhos por hábito indevidos a uma tese de mestrado”, escreve José Ne­ves, no prefácio. “O problema fun­damental que o autor aqui se co­loca não é tanto o do sindicalismo dos professores ou sequer o sindi­calismo mas sim o da representati­vidade em geral, oferecendo-nos o autor uma lei­tura tendencial­mente libertária e autono­mista da acção política.”

Acção Sindical e Representati­vidade, de José Nuno Matos, está disponível para leitura na CasaViva.

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