O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

10 Anos de Seattle

Faz agora dez anos que, a 30 de Novembro de 1999, reuniu em Seattle, nos Estados Unidos, a Organização Mundial do Comércio (OMC) para, decidindo sobre a regulação das transacções económicas no globo, definir o destino da sua economia.


Como habitualmente, a OMC, contando com o beneplácito dos grandes meios de informação, propunha-se fazê-lo com base em soluções concertadas a partir dos interesses das grandes potências e dos grupos económicos internacionais que aquelas servem ou protegem, reforçando ainda mais o poderio do capitalismo global, na sua fase moderna, ultraliberal, mas com o precioso concurso da economia planificada.


Reagindo a esta cimeira, várias dezenas de milhares de pessoas de muitas proveniências ideológicas e geográficas acorreram a Seattle, e durante vários dias fizeram saber nas ruas que o alegado consenso com que os poderosos justificam a rapina sobre os mais pobres e a depauperação acelerada dos recursos e do desequilíbrio do planeta não passa afinal da conjugação de políticas de interesse muito particular que, a coberto do embuste televisivo, escondem a fraude económica e o crime ambiental elevados ao mais alto expoente, permitindo de forma decisiva a miséria e a catástrofe.


E procurando tornar audíveis e compreensíveis as razões do protesto, os manifestantes juntaram à luta de rua a luta para furar o bloqueio noticioso imposto pelos grandes grupos de média – câmaras de eco da voz do poder e do dinheiro–, criando canais noticiosos alternativos e difundindo os relatos verídicos, as imagens reais, as entrevistas e comentários, não com base numa informação pré-condicionada pela censura política e policial, mas numa perspectiva de intercâmbio e entreajuda, livre de direitos autorais e de condicionamentos externos, ouvindo os intervenientes directos do protesto, com respeito pelas suas próprias palavras e argumentação ou, melhor ainda, sendo estes mesmos os próprios jornalistas.


Esta cobertura dos acontecimentos, beneficiando das possibilidades das redes de comunicação digital abertas, permitiu o acesso à informação livre de milhões de pessoas em todo o mundo e deu origem à criação da rede de centros de média independentes – Indymedia – que haveria de se alargar por todo o mundo e cuja criação celebramos hoje.



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