O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

sábado, 8 de novembro de 2008

FIDAR: um caso de resistência

No dia 17 de Outubro, os trabalhadores da empresa FIDAR, do concelho de Guimarães, puderam libertar alguma carga humana da frente das instalações desta mesma empresa, após dois meses e meio de protestos continuados, dia e noite no local.

A decisão de levar a cabo a insolvência da empresa por parte do tribunal do trabalho de Guimarães, no dia 15 de Outubro, foi a garantia para os trabalhadores e restantes credores da empresa que irão receber as respectivas indemnizações. Claro está que será impossível quantificar os anos de dedicação destes trabalhadores, grande parte com mais de trinta e cinco de casa, tal como, uma vida subjugada à miséria do trabalho capitalista (...)


Nesse tempo de resistência, várias situações de total desrespeito para com os trabalhadores sucedem-se, quer por parte da administração da FIDAR, quer por parte da GNR. A Guarda Nacional Republicana não só deu cobertura a essa administração, ao insultar e intimidar os trabalhadores, como age contra o tribunal de Guimarães, ao evitar que o patrão da FIDAR seja sujeito, a dada altura, a uma verificação da sua viatura pessoal, como modo de certificação que não transportaria consigo património da fiação. O tribunal do trabalho de Guimarães decide, finalmente, convocar uma Assembleia de Credores para 27 de Novembro, com o objectivo de canalizar toda a receita em máquinas e matéria-prima restante dentro das instalações da fábrica aos credores da ex- FIDAR e actual INCOTEX.

Ao contrário do que outros media afirmam, os trabalhadores continuam a ter que vigiar dia e noite o que lhes pertence, uma vez que, tendo esta sido vendida à empresa Incotex, não é possível impedir de entrar na fábrica quem venha em nome desta última empresa e essa situação poderá dar origem a desvios de património e mesmo estratagemas por parte do patrão para fazer sair informação e bens da FIDAR.

Assim sendo, os trabalhadores, em grupos mais reduzidos, continuam a ter que permanecer nas instalações da empresa dia e noite, substituindo-se, quer à empresa de segurança contratada pelo patrão, quer à GNR, que já demonstrou não ser de confiança.


A FIDAR é uma pequena-média empresa de têxteis sediada na região de Gondar, Guimarães que fechou as portas no fim do mês de Julho por alegada baixa de produtividade. Deixou no desemprego 150 trabalhadores, alguns aceitaram a proposta de rescisão da empresa, mas a maioria não, e são esses que têm mantido o protesto e a vigilância nas instalações da fábrica.


Um trabalho do Colectivo Anarquista Hipátia, Porto


Mais informação sobre o assunto em: hipatia.pegada.net

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