O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

sábado, 8 de novembro de 2008

O Pica Miolos foi à feira

Das catedrais do fado que há em Lisboa, uma havia de dar guarida à feira do livro anarquista. Livros, revistas, fanzines, cds, cartazes, camisolas, pins e outros que tais anti-autoritários entre xailes de franjas vermelhas e fotografias de fadistas; e conversas muito participadas sob um tecto requintadamente pintado. Se o cenário era insólito, o objectivo foi de todo concretizado: criar um espaço para a exposição e debate das ideias e lutas libertárias, assim como para o convívio e fortalecimento de laços entre pessoas que partilham uma visão anti-autoritária do mundo.

Nada se concluiu, obviamente, valeu pelas ideias, conhecimentos e momentos trocados, por repetidas que muitas sejam, as ideias e as pessoas. Mas também havia quem, por circunstância de vida ou de idade, só então pela primeira vez participasse num encontro de anarquistas. Como aconteceu, por exemplo, com o Pica Miolos.

Jovens e menos jovens, havia sempre gente entre as bancas com informação nas salas principais do imponente edifício do Grupo Desportivo da Mouraria, nos dias 23, 24 e 25 de Maio passado. À noite, havia muita gente para jantar, conversar e ouvir música. Os debates marcados aconteciam de dia, seis no total, dois por tar­de. Temas: causas e consequências da escravatura; prisões, dentro e fora; a contra-informação como arma de arremesso; publicações anarquistas de hoje; os anarquistas na sua relação com movimentos sociais; PINs e outros broches.

O Pica Miolos participou sobretudo enquanto contra-informação e não em particular como publicação anarquista, em que não se revê exclusivamente apesar da inquestionável identificação com os ide­ais defendidos. Não fosse haver dúvidas, seria identificado pela utilização da palavra “cidadania”, que não integra o léxico do mundo anarquista, no insurgir de um participante.


Absolutamente anarquista e reconfortante foi a forma como a Marta e o Maio (um tanto tarado ainda que obediente) acolheram o sono dos representantes do Pica Miolos. Um alojamento imprevisto de duas noites em Lisboa que merece registo.

feiradolivroanarquista.blogspot.com

Sem comentários: