O PORQUÊ DO PICA MIOLOS

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico
ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia
e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões
numa resenha de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais
de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: picar miolos.

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica
e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

sábado, 8 de novembro de 2008

Parabéns C.O.S.A.

Resistente, a C.O.S.A. – Casa Ocupada Autogestionada de Setúbal completou oito anos de vida. E comemorou--os, como merecem todos os que a mantêm desde Outubro de 2000. Não pudemos partilhar a festa de aniver­sário mas deixamos aqui a nossa solidariedade, reproduzindo as palavras do colectivo anarquista Hipátia do Porto, publicadas em hipatia.pegada.net.


O colectivo anarquista Hipátia do Porto vem por este meio mostrar-se solidário com todxs os que mantêm a Casa Ocupada Autogestionada de Setúbal no activo ao longo destes oito anos.Algumas de nós viveram a história do sítio desde a sua ocupação, outrxs vêem neste espaço autóno­mo um verdadeiro bastião de resistência e inspira­ção para as suas lutas diárias contra todo o tipo de controlo do homem e do mundo.

A C.O.S.A constitui a ideia mais efectiva, em Portu­gal, que a autogestão não é uma realidade perdida no tempo ou fora da história, ideia cada vez mais di­fundida pela lógica capitalista. Diremos mais efec­tiva, na medida em que existe como espaço não só mental mas também físico e que, pela sua longevi­dade, mudou profundamente a vida de muitos dos anarquistas portugueses. Com todos os problemas que teve que enfrentar ao longo destes oito anos, desde represálias por parte da Câmara Municipal de Setúbal, que imediatamente tentou tornar a vida dos seus habitantes uma impossibilidade ao proce­der a cortes de água e luz, desde circos infinitos com a polícia de (in)segurança pública que atenta, entre outras mais absurdas intervenções, contra a liber­dade de expressão, desde membros infiltrados de partidos políticos que depois dão origem a registos mediáticos falaciosos e mesmo várias e bem graves querelas com o Partido Comunista setubalense, por

princípio forte opositor de movimentos alternativos independentes ou não autoritários. A cidade de Se­túbal, por seu lado, de cada vez que tenta encaixar este fenómeno é confrontada com uma nova vaga de iniciativas libertárias, na sua natureza, e logo deve perceber que existem dinâmicas mutantes, isto é, que não se deixam captar sobre quaisquer formas ou dominar.

A Casa Ocupada Autogestionada de Setúbal nunca foi um fim em si mesma, deu origem a diversas ou­tras iniciativas semelhantes de ocupações e activi­dades alternativas na cidade, arredores e ao nível nacional. Um fenómeno que lembra uma dinâmica rizomática ou um movimento que quereríamos e queremos perpétuo.

É por este e muitos muitos outros motivos que o Colectivo Hipátia do Porto vem dar os parabéns ao pessoal da C.O.S.A., pelo que contribuiu para as di­versas dinâmicas por que passou e pelas vindouras.

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