Um outro lado da humanidade
Um espaço e conceito, com o rosto dum outro lado da humanidade e que assim se tem auto-regulado e crescido no tempo. Chama-se CasaViva.
Dizem que, para fazermos qualquer coisa funcionar, necessitamos de um dirigente. Então, quem manda na CasaViva? O proprietário? Faria o funcionamento da casa depender da vontade de uma só pessoa. O grupo mais directamente ligado à logística da casa, à “produção”? Mais uma vez dependeria da vontade de um grupo de pessoas. O pessoal que frequenta a casa?
Sabemos que, apesar do ser humano precisar de viver em grupo para sobreviver, tem qualquer coisa na sua estrutura que o faz não reconhecer essa necessidade quando interage com os outros da sua espécie, ainda menos quando se trata de seres de outras espécies ou do resto da natureza. São poucos os que assim não procedem, ainda menos os que não procedem assim com todos, pouquíssimos os que não o fazem sempre.
Qualquer coisa de base no ser humano o faz manter-se sempre aí. Macabramente, parece necessitar de ter sempre uma vítima para se sentir senhor e, assim, manter-se na forma mais primária de aqui estar e acontecer.
Terá a casa, então, de funcionar com base numa vontade comum e de ter um dispositivo para a manter viva, reajustável, evolutiva e criativa, terá de partilhar as responsabilidades, terá de, no seu funcionamento, ser naturalmente orgânica, em constante auto regulação, por, só assim, conseguir conviver com a diversidade do outro, o que de melhor a humanidade dispõe, o desempenho de cada ser e não ser e as suas necessárias e intrínsecas diferenças, o que cada um é.
O proprietário terá de deixar de o ser, o grupo ligado à logística terá de chamar o pessoal que frequenta a casa, para, em conjunto, acertarem e partilharem direitos e responsabilidades. Um espaço onde ninguém vota em ninguém para se fazer representar nas decisões a tomar. Por aqui caminha a CasaViva, onde, afinal, ninguém manda. Por aí caminha a C.O.S.A.. Por aí deveriam caminhar muitos mais espaços.
Lá fora o mundo é diferente, sob a sinistra batuta de uma suposta democracia. Ao invés de procurarmos fazer e aprender a fazer melhor juntos. Ao contrário do que nos fazem sentir, somos todos indispensáveis e nós, humanos, responsáveis pelo que está a acontecer. Esses que nos fazem não senti-lo é que desempenham cargos de irresponsabilidade, artificiais e dispensáveis. Cargos que desempenham com o aval do povo, por voto nas urnas, com que justificam as suas atitudes.
Até um mundo mais justo, sem hierarquização, fica o apelo: piquemos miolos também a favor da abstenção.
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